quarta-feira, 28 de outubro de 2015

IDEALISMO E A EDUCAÇÃO



O idealismo do ponto de vista da Teoria do Conhecimento é o nome genérico de diversos sistemas filosóficos, segundo os quais o ser ou a realidade são determinados pela consciência, ou seja, são as idéias que produzem a realidade, porque “ser” significa “ser dado na consciência”.
Hegel (1970-1831) – Foi um importante pensador idealista do século XIX, desenvolveu a filosofia do movimento, do ”vir a ser”, era um idealista lógico.
Para explicar a realidade em constante processo, ele não utiliza a lógica tradicional, mas estabelece os princípios de uma outra lógica, a dialética, da qual deriva um novo conceito de razão e história, pois argumenta que a razão é histórica, portanto, o presente é visto como resultado de longo e dramático processo. Ele divide a dialética em três momentos: a tese, antítese e síntese.
Hegel defende uma corrente filosófica que prioriza o espírito ou a consciência na reflexão a respeito da realidade exterior. Ele idealiza a realidade humana em constante mudança e sujeita a uma lei: a dialética, em que a racionalidade humana “é o próprio tecido do real e do pensamento”, a manifestação das idéias. É através desse movimento, chamado de Razão, que se passa por todos os graus: a Natureza Inorgânica, a Natureza Viva, a Vida Humana Individual, A Social e até mesmo a Cultural.
Para Hegel, a educação é um meio de espiritualização humana, cabendo ao Estado incentivar esse processo.  O Estado não absorve toda a personalidade do educando, apenas oferece condições e critérios para que este a desenvolva. Segundo Hegel, o homem deve tudo ao Estado, e é no Estado que o homem encontra o fundamento para sua formação e ação, pois o Estado é representação objetiva do Espírito Absoluto, por isso a educação hegeliana, busca por um homem que vá abandonando o “eu” em estado subjetivo e, objetivando-se, para que com os demais, venha participar de um momento do Espírito Absoluto.
Fichte (1762 – 1814) - Foi contemporâneo de Hegel, valorizava muito a educação. Fichte é um homem para quem todo conhecimento e toda ciência tem que estar submetida ao serviço da ação moral.
Fichte é um dos primeiros representantes do ativismo e do voluntarismo em Pedagogia, sendo o mais alto representante da educação de Estado e da escola nacional. Parte da idéia de que a natureza humana não nos é dada, mas na medida em que nos afirmamos como sujeitos, vamos nos humanizando, capazes de consciência de si e de afetividade livre. Ele destaca a educação como indispensável para o renascimento e a grandeza da Alemanha, pois na sua visão o fim ultimo da educação é a humanidade.
Ele foi também um dos primeiros defensores da escola unificada, ao pedir a educação para todos em todos os graus, segundo a capacidade e independentemente da posição econômica e social dos alunos, colocando o Estado como o responsável de instaurar esta escola nacional e unificada. Para ele, o conhecimento é uma atividade subordinada que tem por objeto permitir a ação e propor ao homem esta ação. O eu é plenamente aquilo que é quando atua moralmente.
Schelling (1775 – 1854) - Foi uma personalidade intelectual muito diferente de Fichte, ele parte da intuição, onde a razão subjetiva é indissociável com aquela objetiva. Sua corrente filosófica é baseada no Sistema do Idealismo Transcendental, ou seja, que pertence à pura razão e é a anterior a qualquer experiência. Esse sistema leva a uma nova perspectiva ao sujeito, isto é, não são as coisas que ditam a veracidade, simplesmente, mas o sujeito também, com toda a complexidade que lhe envolve. Sujeito e objeto formam um todo, para se chegar à verdade.
Outros filósofos como Schleiermacher e Von Humboldts e os poestas Goethe e Schiller, são representantes da pedagogia do neo-humanismo, segundo Franco Cambi, historiador de educação, o tema pedagógico desses autores citados, é a formação humana, idealizando o homem integral, capaz de conciliar dentro de si sensibilidade e razão, desenvolvendo liberdade interior e organização, junto a uma relação viva com a cultura.

http://valedavi.blogspot.com.br/2010/11/idealismo-e-educacao.html  -  acessado em 28-09-2015, às 15:20 h.

PRESENÇA DO IDEALISMO NA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE ANÍSIO TEIXEIRA[1]
Sabina Maura Silva[2] 

Resumo:
O presente trabalho objetiva explicitar a natureza idealista do pensamento de Anísio Teixeira, advindo da influência exercida por John Dewey, do qual o educador brasileiro é seguidor. Anísio Teixeira parte do princípio de que a realidade, humana ou natural, somente pode ser compreendida como processo. O real é um conjunto relacional, cuja principal característica é a reciprocidade entre os entes e os processos. Esboça-se no interior desse sistema um painel composto pelas diversas ordens da natureza, indo das formas inorgânicas àquelas definidas pela inteligência, passando pelas orgânicas. No itinerário até se fazer consciente, a natureza percorre o roteiro cujo término é sua auto-realização. A inteligência é a manifestação humana da natureza. O humano se distingue por se perceber como um ser concretamente existente. Nesse contexto aparecerá o conceito de experiência, de importância central para Teixeira e Dewey, entendido por ambos não como apanágio da subjetividade, mas como algo existente na própria ordem da natureza. Especificamente quanto à experiência educativa, acompanhando a reflexão de Dewey, Teixeira concebe educação como o processo de reconstrução e reorganização da experiência.

Para ler o artigo completo:
http://www.verinotio.org/conteudo/0.84344562873565.pdf


O EMPIRISMO E OUTRAS CONCEPÇÕES





O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias.

O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.

Ao longo de toda a história da filosofia, diversos pensadores abordaram a questão, dando importância ao conhecimento da experiência (da sensibilidade) ao invés de apenas ao intelectual.

As Ideias básicas
O empirismo é uma teoria filosófica que defende o conhecimento da razão, da verdade e das idéias racionais através da experiência. É descrito-caracterizado pelo conhecimento científico, a sabedoria é adquirida por percepções; pela origem das idéias por onde se percebe as coisas, independente de seus objetivos e significados; pela relação de causa-efeito por onde fixamos na mente o que é percebido atribuindo à percepção causas e efeitos; pela autonomia do sujeito que afirma a variação da consciência de acordo com cada momento; pela concepção da razão que não vê diferença entre o espírito e extensão, como propõe o Racionalismo e ainda pela matemática como linguagem que afirma a inexistência de hipóteses.

Os defensores do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi gravado. Somos como uma cera sem forma e sem nada impresso nela, até que a experiência venha descrever na folha, gravar na tabula, dar forma à cera.

As idéias, trazidas pela experiência, isto é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, a razão as apanha para formar os pensamentos.
A experiência escreve e grava em nosso espírito as ideias e a razão irá associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos.

CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS
As diversas teorias do desenvolvimento, a seguir discutidas, têm como apoio as diferentes concepções do homem, focalizando as questões filosóficas clássicas referentes ao conhecimento: O que é o conhecimento? Como se chega a ele? Como se passa de um tipo a outro qualitativamente superior? Como os conhecimentos se ampliam?
Pela concepção empirista, também chamada de ambientalista ou objetivista, o desenvolvimento do ser humano depende, principalmente, do seu ambiente, dos estímulos do meio em que ele vive, das experiências pelas quais ele passa.
Os adeptos dessa corrente acreditam que o conhecimento processa-se por força dos sentidos, supervalorizando, desta forma, o papel da experiência sensorial (percepção), que inscreveria, direta ou indiretamente, os conteúdos da vida mental sobre um indivíduo, visto como um ser extremamente plástico - uma tábula rasa, uma folha em branco ou um balde vazio, para citar algumas figuras metafóricas comumente usadas. Dessa forma, o conhecimento humano reduz-se ao sentir dos sentidos, fossem eles externos: a visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar, fossem eles sentidos internos: a fantasia, a imaginação sensível, a memória sensível, a atenção. Os sentidos produziriam o dado a ser conhecido, constituindo-se a fonte e a explicação última do fenômeno do conhecimento.
O ponto alto do empirismo é o teste da experiência: nada aceitar que não tenha passado pelo crivo da experiência.
Um dos precursores dessa corrente filosófica foi John Locke, que afirmava que os nossos conhecimentos resultam de nossas sensações e experiências e que comparava a nossa mente, antes de ter tido qualquer experiência, a uma "tábula rasa", a uma "página em branco", onde as percepções e experiências iriam inscrevendo as idéias.
Os seguidores atuais desta concepção empirista podem ser encontrados nos adeptos das teorias behaviorista e neobehaviorista, destacando-se os trabalhos de Watson e Skinner
O conhecimento é visto, então, como alguma coisa que vem do mundo físico ou social do objeto, sendo que o mundo deste é que determina o sujeito. Sob esta perspectiva, é impossível um conhecimento que transcenda a experiência, isto é, o contato que o homem tem com o mundo por meio dos sentidos, constituindo-se na totalidade de seu saber.
Nega-se, portanto, a existência, no espírito humano, de idéias inatas ou princípios a priori, bem como não se dá importância à maturação biológica, nem às capacidades mentais da pessoa: inteligência, aptidões, sentimentos, vontades, etc.. O conhecimento é algo que vem do mundo do objeto, que é determinante do sujeito.
Para continuar lendo:
http://www.geocities.ws/luis_brandao/epistemo.html



Empirismo ou Construtivismo - por uma mudança mais segura
Para mudar é preciso reconstruir toda a prática a partir de um novo paradigma teórico

Quando se tenta sair de um modelo de aprendizagem empirista para um modelo construtivista, as dificuldades de entendimento às vezes são graves.

Em uma perspectiva construtivista, o conhecimento não é concebido como uma cópia do real, incorporado diretamente pelo sujeito, como é proposto em nossas cartilhas empiristas: pressupõe uma atividade, por parte de quem aprende, que organiza e integra os novos conhecimentos aos já existentes. Isso vale tanto para o aluno quanto para o professor em processo de transformação.

Se o professor procura inovar sua prática, adotando um modelo de ensino que pressupõe a construção de conhecimento sem compreender suficientemente as questões que lhe dão sustentação, corre o risco, grave no meu modo de ver, deficar se deslocando de um modelo que lhe é familiar para o outro, meio desconhecido, sem muito domínio de sua própria prática — "mesclando", como se costuma dizer.

O equívoco mais comum é pensar que alguns conteúdos se constroem e outros não. O que, nessa visão "mesclada", vale dizer que uns precisariam ser ensinados e outros, não. Em outros casos o modelo empirista fica intocado e as idéias que as crianças constroem em seu processo de aprendizagem são distorcidas a ponto de o professor vê-las como conteúdo a ser ensinado.

Alguns professores que, encantados com o que a psicogênese da língua escrita desvendou sobre o que pensam as crianças quando se alfabetizam, passaram a ensinar seus alunos a escrever silabicamente.

Que raciocínio leva a uma distorção desse tipo? Se os alunos têm de passar por uma escrita silábica para chegar a uma escrita alfabética, ensiná-los a escrever silabicamente faria chegar mais rápido à escrita alfabética, pensam esses professores.

Essa perspectiva só pode caber num modelo empirista de ensino, cuja lógica intrínseca é a de organizar etapas de apresentação do conhecimento aos alunos. Essa lógica não faz nenhum sentido num modelo construtivista.

Outro tipo de entendimento distorcido, mais influenciado por práticas espontaneístas, é o seguinte: diante da informação de que quem constrói o conhecimento é o sujeito, houve professores que entenderam que a intervenção pedagógica seria, então, desnecessária. Se é o aluno quem vai construir o conhecimento, o que os professores teriam a fazer dentro da sala de aula? E passaram a não fazer nada.

Como se vê, é fácil nos perdermos em nossa prática educativa quando não nos damos conta do que orienta de fato nossas ações. Ou melhor, de quais são as nossas teorias em ação.

Um erro que precisa ser evitado por nós, professores ávidos por transformação de paradigma, por suas graves conseqüências é o desvio espontaneísta: como é o aluno quem constrói o conhecimento, não seria necessário ensinar-lhe. A partir dessa crença o professor passa a não informar, a não corrigir e a se satisfazer com o que o aluno faz "do seu jeito".

Essa visão implica abandonar o aluno à sua própria sorte. E é muito importante que o professor compreenda o que significa, do ponto de vista da criança, o "vou fazer do meu jeito".

Na alfabetização, para exemplificar, quando uma criança entra na escola ainda não alfabetizada, tanto ela quanto o professor sabem que ela não sabe ler nem escrever. Ao propor que se arrisque a escrever do jeito que imagina, o que o professor na verdade está propondo é uma atividade baseada na capacidade infantil de jogar, de fazer de conta.

Num contrato desse tipo — que reza que o aluno deve escrever pondo em jogo tudo o que sabe e pensa sobre a escrita — o professor deve usar tudo o que sabe sobre as hipóteses que as crianças constroem a respeito da escrita para poder, interpretando o que o aluno escreveu, ajudá-lo a avançar. Dentro desse contrato, quem "faz de conta" é a criança.

Nesse espaço em que a criança escreve "do seu jeito" o papel do professor é delicado. Mas é semelhante ao de alguém adulto que participa de uma brincadeira de fez de conta sem entrar nela. Ao professor cabe organizar a situação de aprendizagem de forma a oferecer informação adequada.

Sua função é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar.

O professor funciona então como uma espécie de diretor de cena ou de contra-regra e cabe a ele montar o andaime para apoiar a construção do aprendiz.

Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos
FERNANDO BECKER
Podemos afirmar que existem três diferentes formas de representar a relação ensino/aprendizagem escolar ou, mais especificamente, a sala de aula. Falaremos, inicialmente, de modelos pedagógicos e, na falta de terminologia mais atualizada, ou adequada, falaremos em pedagogia diretiva, pedagogia não-diretiva e, talvez criando um novo termo, pedagogia relacional. Mostraremos como tais modelos são, por sua vez, sustentados, cada um deles, por determinada epistemologia. Epistemologia que se mostrou refratária a toda exuberante crítica da sociologia da educação que se desenvolveu no país, do final dos anos 70 até agora. A) Pedagogia diretiva e seu pressuposto epistemológico.
Lendo o artigo completo:
http://www.marcelo.sabbatini.com/wp-content/uploads/downloads/becker-epistemologias.pdf