sexta-feira, 29 de junho de 2012

NOVOS PENSADORES EM EDUCAÇÃO IV


Howard Gardner
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Howard Gardner (Scranton, Pennsylvania, 11 de julho de 1943) é um psicólogo cognitivo e educacional estado-unidense, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas. Em 1981 recebeu prêmio da MacArthur Foundation. Em 2011 foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias das Ciências Sociais.[1]
Ele é professor de Cognição e Educação na Universidade de Harvard, professor adjunto de neurologia na Universidade de Boston.
Philippe Perrenoud
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Philippe Perrenoud é um sociólogo suíço que é uma referência essencial para os educadores em virtude de suas idéias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos. Perrenoud é doutor em sociologia e antropologia, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação (Life), também em Genebra.

Edgar Morin

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 
Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum (Paris, 8 de Julho 1921), é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita.

Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.
É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade.

CARLOS LUCKESI
Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi

Provas e exames, segundo o educador, são apenas instrumentos de classificação e seleção, que não contribuem para a qualidade do aprendizado nem para o acesso de todos ao sistema de ensino

CIPRIANO LUCKESI "Proponho que
as escolas invistam em uma prática
pedagógica construtiva e paralelamente
treinem para o vestibular"
Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Nessa trajetória, que começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de medição de aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões teóricas, chegando à seguinte definição de avaliação escolar: "Um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão". Portanto, segundo essa concepção, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem. Atingido esse ponto, Luckesi passou a estudar as implicações políticas da avaliação, suas relações com o planejamento e a prática de ensino e, finalmente, seus aspectos psicológicos. As conclusões do professor paulista, que vive desde 1970 em Salvador, apontam para a superação de toda uma cultura escolar que ainda relaciona avaliação com exames e reprovação. "Estamos trilhando um novo caminho, que precisa de tempo para ser sedimentado", diz. Luckesi, que é professor aposentado, orientador de pós-graduandos e integrante do Grupo de Pesquisa em Educação e Ludicidade da Universidade Federal da Bahia, concedeu a seguinte entrevista a NOVA ESCOLA.




Reuven Feuerstein

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Professor Reuven Feuerstein (nascido em 21 de Agosto de 1921 em Botosan, Romênia) (hebraico פוירשטיין) um psicólogo judeu-israelense, criador da Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (MCE), a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (MLE), e o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI). A ideia de que inteligência pode ser desenvolvida está associada ao trabalho do Professor Feuerstein.

Feuerstein estudou na Universidade de Genebra sob orientação de Jean Piaget, André Rey, Barbel Inhelder e Marguerite Loosli Uster e é um seguidor de Lev Vygotsky. Ele é o presidente do Centro Internacional pelo Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem (ICELP)[1] em Jerusalém. Os conceitos de que a inteligência é plástica e modificável, e que a inteligência pode ser pensada, são centrais na Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural. Inteligência pode ser desenvolvida em um ambiente de aprendizagem mediada criado a partir da teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada.


Cesar Coll
Biografia

César Coll Salvador é diretor do Departamento de Psicologia Evolutiva e professor da Faculdade de Psicologia da universidade de Barcelona, Espanha.
Lá foi coordenador da reforma do ensino de 1990, a Renovação Pedagógica. O modelo desenvolvido por ele e sua equipe inspirou mudanças na educação de diversos países, inclusive no Brasil. Como consultor do Ministério da Educação (MEC) entre 1995 e 1996, colaborou na elaboração dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), publicado em 1997

Michel Foucault

Por meio de uma análise histórica inovadora, o filósofo francês viu na educação moderna atitudes de vigilância e adestramento do corpo e da mente

01/07/2011 00:28
Texto Márcio Ferrari
Nova-Escola
Foto: Wikimedia
Foto: Foucault não acreditava que a dominação fosse originária de uma fonte única
Foucault não acreditava que a dominação fosse originária de uma fonte única
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Frase de Michel Foucault:

“As luzes que descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas”

Michel Foucault nasceu em 1926 em Poitiers, no sul da França, numa rica família de médicos. Aos 20 anos foi estudar psicologia e filosofia na École Normale Superieure, em Paris, período de uma passagem relâmpago pelo Partido Comunista. Obteve o diploma em psicopatologia em 1952, passando a lecionar na Universidade de Lille. Dois anos depois, publicou o primeiro livro, Doença Mental e Personalidade. Em 1961, defendeu na Universidade Sorbonne a tese que deu origem ao livro A História da Loucura. Entre 1963 e 1977, integrou o conselho editorial da revista Critique. Em meados dos anos 1960, sua obra começou a repercutir fora dos círculos acadêmicos. Lecionou entre 1968 e 1969 na Universidade de Vincennes e em seguida assumiu a cadeira de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France, alternando intensas pesquisas com longos períodos no exterior. A partir dos anos 1970, militou no Grupo de Informações sobre Prisões. Entre suas principais obras estão História
da Sexualidade e Vigiar e Punir. Foucault morreu de aids, em 1984.

Poucos pensadores da segunda metade do século 20 alcançaram repercussão tão rápida e ampla quanto o francês Michel Foucault. Por ter proposto abordagens inovadoras para entender as instituições e os sistemas de pensamento, a obra de Foucault tornou-se referência em uma grande abrangência de campos do conhecimento. Em seus estudos de investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das idéias pedagógicas na Idade Moderna. Além disso, vem inspirando uma grande variedade de pesquisas sobre educação em diversos países. “Foi Foucault quem pela primeira vez mostrou que, antes de reproduzir, a escola moderna produziu, e continua produzindo, um determinado tipo de sociedade”, diz Alfredo Veiga-Neto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira conseqüência desse procedimento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Para ele, não há universalidade nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que determinam o curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo.

Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e humanas desde o iIuminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel de objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e modificálo. Mas o filósofo negou a possibilidade dessa convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas interações.

Disciplina e modernidade

Foucault concluiu, no entanto, que a concepção do homem como objeto foi necessária na emergência e manutenção da Idade Moderna, porque dá às instituições a possibilidade de modificar o corpo e a mente. Entre essas instituições se inclui a educação. O conceito definidor da modernidade, segundo o francês, a disciplina – um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os comportamentos divergentes. Portanto, ao mesmo tempo que o iluminismo consolidou um grande número de instituições de assistência e proteção aos cidadãos – como família, hospitais, prisões e escolas –, também inseriu nelas mecanismos que os controlam e os mantêm na iminência da punição. Esses mecanismos formariam o que Focault chamou de tecnologia política, com poderes de manejar espaço, tempo e registro de informações – tendo como elemento unificador a hierarquia. “As sociedades modernas não são disciplinadas, mas disciplinares: o que não significa que todos nós estejamos igual e irremediavelmente presos às disciplinas”, diz Veiga-Neto.

O filósofo não acreditava que a dominação e o poder sejam originários de uma única fonte – como o Estado ou as classes dominantes –, mas que são exercidos em várias direções, cotidianamente, em escala múltipla (um de seus livros se intitula Microfísica do Poder). Esse exercício também não era necessariamente opressor, podendo estar a serviço, por exemplo, da criação. Foucault via na dinâmica entre diversas instituições e idéias uma teia complexa, em que não se pode falar do conhecimento como causa ou efeito de outros fenômenos. Para dar conta dessa complexidade, o pensador criou o conceito de poder-conhecimento. Segundo ele, não há relação de poder que não seja acompanhada da criação de saber e vice-versa. “Com base nesse entendimento, podemos agir produtivamente contra aquilo que não queremos ser e ensaiar novas maneiras de organizar o mundo em que vivemos”, explica Veiga-Neto.

Arqueologia do saber

A contestação e a revisão de conceitos operadas por Foucault criaram a necessidade de refazer percursos históricos. Não é sobre os governos e as nações que ele concentra seus estudos, mas sobre os sistemas prisionais, a sexualidade, a loucura, a medicina etc. Três fases se sucederam em sua obra. A da arqueologia do conhecimento é marcada pela análise dos discursos ao longo do tempo, de acordo com as circunstâncias históricas, em busca de um saber que não foi sistematizado. A genealógica corresponde a um conjunto de investigações das correlações de forças que permitem a emergência de um discurso, com ênfase na passagem do que é interditado para o que se torna legítimo ou tolerado. Finalmente, a fase ética centra o foco nas práticas por meio das quais os seres humanos exercem a dominação e a subjetivação, conceito que corresponde, aproximadamente, a assumir um papel histórico.

A docilização do corpo no espaço e no tempo

Para Foucault, a escola é uma das "instituições de seqüestro", como o hospital, o quartel e a prisão. "São aquelas instituições que retiram compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam etc.", diz Alfredo Veiga-Neto. Com o advento da Idade Moderna, tais instituições deixam de ser lugares de suplício, como castigos corporais, para se tornarem locais de criação de "corpos dóceis". A docilização do corpo tem uma vantagem social e política sobre o suplício, porque este enfraquece ou destrói os recursos vitais. Já a docilização torna os corpos produtivos. A invenção-síntese desse processo, segundo Foucault, é o panóptico, idealizado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832): uma construção de vários compartimentos em forma circular, com uma torre de vigilância no centro. Embora não tenha sido concretizado imediatamente, o panóptico inspirou o projeto arquitetônico de inúmeras prisões, fábricas, asilos e escolas. Uma das muitas "vantagens" apresentadas pelo aparelho para o funcionamento da disciplina é que as pessoas distribuídas no círculo não têm como ver se há alguém ou não na torre. Por isso, internalizam a disciplina. Ampliada a situação para o âmbito social, a disciplina se exerce por meio de redes invisíveis e acaba ganhando aparência de naturalidade.

Para pensar

É comum a educação ser encarada como um valor único, invariável e redentor. Mas Foucault a via enredada em seu contexto cultural. Por isso, o ensino que em uma época é considerado a salvação do ser humano, em outra pode ser visto como nocivo. Você já pensou nas implicações políticas e sociais da educação atual, com base em sua experiência? O professor brasileiro leva em conta as conclusões ao planejar o trabalho em sala de aula?

sábado, 23 de junho de 2012

TERCEIRA UNIDADE: AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO



A HISTÓRIA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO BRASILEIRO

Muito antes da existência das escolas e do sistema de ensino que conhecemos, a prática da educação, desde as primeiras civilizações, já era uma grande preocupação. O conceito de pedagogia surge da necessidade de uma sistematização da prática da educação. A Grécia antiga teve uma grande influência no pensamento pedagógico, através dos grandes filósofos e pensadores. Muitas das teorias pedagógicas desse período se desdobraram em várias correntes de pensamento, mas a essência das ideias concebidas sobre educação estão presentes, em grande parte, no sistema de ensino atual e na metodologia proposta por pedagogos contemporâneos. Muito se discute em relação à políticas para o sistema de ensino, assim como educadores buscam a melhor maneira de se chegar à estratégias e metodologias eficientes na arte de ensinar. Alguns defendem os métodos tradicionais, enraizados no pensamento pedagógico mais antigo e , por outro lado há uma corrente voltada à uma linha de trabalho exclusivamente contemporânea. Freire (1996) coloca,
“É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo”. (Freire, 1996, p 39)

AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR BRASILEIRA E SEUS PRESSUPOSTOS DE APRENDIZAGEM
O objetivo deste artigo é verificar os pressupostos de aprendizagem empregados pelas diferentes tendências pedagógicas na prática escolar brasileira, numa tentativa de contribuir, teoricamente, para a formação continuada de professores.
 
Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem, inter alia. Assim, justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.

Embora se reconheçam as dificuldades do estabelecimento de uma síntese dessas diferentes tendências pedagógicas, cujas influências se refletem no ecletismo do ensino atual, emprega-se, neste estudo, a teoria de José Carlos Libâneo, que as classifica em dois grupos: “liberais” e “progressistas”. No primeiro grupo, estão incluídas a tendência “tradicional”, a “renovada progressivista”, a “renovada não-diretiva” e a “tecnicista”. No segundo, a tendência “libertadora”, a “libertária” e a “crítico-social dos conteúdos”.

Justifica-se, também, este trabalho pelo fato de que novos avanços no campo da Psicologia da Aprendizagem, bem como a revalorização das idéias de psicólogos interacionistas, como Piaget, Vygotsky e Wallon, e a autonomia da escola na construção de sua Proposta Pedagógica, a partir da LDB 9.394/96, exigem uma atualização constante do professor. Através do conhecimento dessas tendências pedagógicas e dos seus pressupostos de aprendizagem, o professor terá condições de avaliar os fundamentos teóricos empregados na sua prática em sala de aula.

No aspecto teórico-prático, ou seja, nas manifestações na prática escolar das diversas tendências educacionais, será dado ênfase ao ensino da Língua Portuguesa, considerando-se as diferentes concepções de linguagem que perpassam esses períodos do pensamento pedagógico brasileiro.

EDUCAÇÃO COMO REDENÇÃO DA SOCIEDADE
A primeira tendência - a educação como redentora social - concebe a sociedade como um todo orgânico que deve ser mantido e restaurado através da educação, pois o que importa é conservar e consolidar os conceitos, crenças e valores éticos que tornam possível a convivência em sociedade.
A educação, nessa tendência, tem por finalidade a adaptação do individuo a sociedade. É preciso, pela educação, amar a sociedade, restabelecer a ordem e integrar os indivíduos no todo social anteriormente definido, ou seja, a educação deve servir para reforçar os laços sociais, promover a coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social (SAVIANI, 1987).
A educação, nesse contexto, tem poderes quase que absolutos sobre a sociedade, uma vez que a ela é atribuída, além da capacidade de direcionar a vida social, a força de redimir a sociedade. Um modelo clássico do pensamento de educação como redenção, encontra-se em Comênio educador considerado o pai da educação, autor da clássica obra "Didática Magna: tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos", publicada em 1657.
Comênio parte da compreensão de que o mundo foi criado bom e harmônico por Deus e que, pela desobediência, o homem gerou o desequilíbrio e introduziu o pecado, desviando-se da harmonia primitiva do paraíso. O rompimento e a quebra do equilíbrio ecoaram na sociedade, a qual o autor julgava viver em meio à desordem e o caos. Mas nem tudo estaria perdido, pois a harmonia divina poderia ser restabelecida a partir da regeneração e da redenção da sociedade. Mas como iniciar esse processo de recuperação? Comênio aponta, então, que a educação, de crianças e jovens (a nova geração), é o meio mais eficaz para a redenção da sociedade, a fim de restabelecer, investindo e ensinando gerações futuras, a moral entre os homens.
Essa concepção perdurou por épocas. Como vimos, até o início do século XIX ainda se temia a adesão ao ensino obrigatório, estendido a todos, por medo de que a educação transgredisse a sua função original de mantenedora da ordem social. Acreditava-se, até o início do século XIX, que a educação igualitária e abrangente seria prejudicial à sociedade, pois, ao estudar, os indivíduos passariam a almejar posições outras na sociedade de classes, causando conflitos e alterações na ordem.
Para finalizar, vale ressaltar que a tendência redentora da educação não está erradicada. Ainda hoje se faz presente a ideia de redenção social através do ensino. Basta observar criticamente às escolas contemporâneas e a seus professores, para identificarmos resquícios da "educação redentora". Quantas escolas públicas, mantidas pelo Estado, ainda conservam o chamado "ensino religioso" em seus currículos? Quantos educadores ingenuamente acreditam que, através de suas ações e de seus métodos de ensino, estão contribuindo para a restituição moral e o restabelecimento da ordem social? Para Dermeval Saviani, essa tendência de atribuir à educação a finalidade de redenção social é a adoção de uma teoria não crítica da educação, uma vez que não leva em conta a contextualização crítica da educação dentro da sociedade da qual participa (SAVIANI, p.9).
Recebi a seguinte carta, que respondi em conformidade com o que se segue abaixo.
Caro Professor
Meu nome é ……. e eu sou mestranda em Educação pela Universidade……. Utilizei-me de seu livro sobre Filosofia da Educação como suporte de um capítulo sobre a filosofia e a ideologia da e na educação. A sistematização, que fiz, da função social da escola — de como ela é vista pela sociedade (redenção, reprodução e transformação) — foi criticada pelo meu orientador, que entendeu que o termo “redenção” seria, de certa forma, um termo jocoso. A minha questão é: redenção e transformação não acabam se encontrando com um mesmo sentido? O senhor vê na sociedade (tirando os artistas e os jogadores de futebol), alguma chance de emancipação social sem a educação?
Obrigada, espero que me tenha feito entender…
As categorias sociológicas redenção e transformação, como meta final, aparentemente, dirigem-se para a mesma direção — a emancipação do ser humano. Porém, cada uma delas entende a emancipação de formas diversas. A visão redentora acredita na possibilidade de “salvar a humanidade” de suas mazelas, de suas fragilidades, de seus “pecados”, aqui, a educação é uma entidade externa à vida social. Já a visão transformadora vê a emancipação do ser humano como um caminhar para a sociedade igualitária, onde todos possam viver em condições de igualdade; aqui, a educação é uma das forças internas à trama das relações que constituem a vida social e histórica. Desse ponto de vista, essas cosmovisões são completamente diferentes, até mesmo opostas — uma coloca a educação como um fenômeno externo e soberano à vida social e a outra coloca a educação como um componente interno à vida social, sendo, ao mesmo tempo, determinado por ela e determinante da mesma. O fenômeno da educação é determinado pelas múltiplas determinações da realidade, contudo, no embate das forças presentes, ela também determina o movimento na medida de sua capacidade de interferir no processo.
O termo redenção, no caso, expressa uma categoria sociológica, que explica uma cosmovisão educativa. Uso o termo categoria, em conformidade com o uso feito por Marx, ou seja, como uma explicação da realidade. Aliás, esse também foi o uso feito por Dermeval Saviani no livro Escola e Democracia, Cortez Editora, e por José Carlos Libâneo, no livro Democratização da escola pública, Edições Loyola, quando abordam a educação tradicional como rendentora..
No caso, então, o termo redentora expressa uma categoria sociológica salvacionista, ou seja, é a compreensão daqueles que, consciente ou inconscientemente, crêem que a educação tem o poder de administrar a vida social com todos os seus sucessos e insucessos (nesse sentido, “salvacionista”) e atuam como se a educação pudesse redimir a todos, possibilitando uma sociedade equilibrada e saudável. A expressão educação redentora é tomada no sentido de compreender que há um recurso que redime a todos. Essa é a crença que está como pano de fundo da pedagogia tradicional. Os educadores tradicionais acreditavam e acreditam que a educação é a força que dá direção à vida social. Ela está acima da vida social.
Já a pedagogia transformadora tem como pano de fundo o entendimento de que não há uma força redentora (acima e fora da vida social), mas sim uma dinâmica de contradições sociais, que produz o movimento social. Marx nos lembra que o movimento social se faz pelas contradições de seus diversos e variados segmentos, assim como pelas contradições entre suas forças em ação. Ele tem a expectativa de que o ser humano, social e historicamente constituído, um dia, chegará ao equilíbrio, onde cada um “dará segundo sua capacidade e onde cada um receberá segundo sua necessidade”, ou seja, uma sociedade igualitária entre os seres humanos, onde todos podem viver de modo satisfatório, em pé de igualdade. Neste olhar político-pedagógico, não há uma redenção, mas sim um movimento das forças sociais em direção à emancipação do ser humano como individuo e como coletividade, como necessidade do ser humano. A educação é, então, uma das forças sociais em movimento, que se encontra dentro da sociedade (equivalente a todas as forças constitutivas da vida social), não acima dela, como se daria numa cosmovisão redentora.
Na visão “redentora”, a educação coloca-se acima da vida social e será ela a salvar (redimir) a sociedade de seus desequilíbrios, o que é um desejo que não se sustenta frente a uma análise consistente da vida social. Na cosmovisão redentora, há um redentor que salva (no caso a educação); na cosmovisão transformadora, o movimento social emancipatório se faz pelo embate das forças sócias atuantes. Daí que os defensores de uma visão transformadora assumem que a prática educativa deve ser realizada com o maior investimento possível, para, com tal força, no embate das relações sociais, se processe a mudança emancipatória do ser humano, individual e coletivo.
A cosmovisão transformadora exige dos sistemas de ensino, mas especialmente, dos educadores — de modo individual, mas especialmente de modo organizado — um engajamento no investimento por uma sociedade igualitária e a contribuição da educação será formar, da melhor e mais atual forma possível, as crianças, os adolescentes e os adultos, com os quais trabalha. Daí, então, a necessidade de um planejamento consistente e politicamente comprometido do ensino, o que implica numa execução e numa avaliação da aprendizagem comprometidas com os mesmos ideários.
Marx nos lembra que uma concepção não vai à prática sem múltiplas mediações e as mediações pedagógicas são: o planejamento consistente, sua execução consistente e uma prática avaliativa efetivamente avaliativa, ou seja, subsidiária (a serviço) dos resultados efetivamente desejados, diversa de uma prática examinativa, que é seletiva e discriminadora.
Ultrapassando a explicação dos termos que você me solicitou, pessoalmente, opto pela cosmovisão transformadora, pela qual a educação é uma força presente na trama constitutiva da vida social. A meu ver, devemos colocá-la a serviço do ser humano, individual e coletivo, na busca de sua emancipação, ou seja, na busca da igualdade de condições de vida para todos, por dentro da própria vida social e não por fora dela. Seres humanos educados constituem uma sociedade educada. Isso tem uma dupla via — quanto mais os seres humanos individuais se educam, temos uma sociedade mais educada e, quanto mais tivermos uma sociedade educada, mais teremos seres humanos individuais educados. Ocorre uma dialética entre esses fenômenos, um não vem antes do outro nem um é mais importante que outro. Ambos são importantes.
Salvador, 30 de junho de 2010.

Cipriano Luckesi
"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas
para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".
" As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
Aprendemos palavras para melhorar os olhos."

"Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido!"
 “Aprenda a gostar, mas gostar mesmo, das coisas que deve fazer e das pessoas que o cercam. Em pouco tempo descobrirá que a vida é muito boa e que você é uma pessoa querida por todos.”
Eu quero desaprender para aprender de novo.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
"Meu único desejo, meu tema musical, meu diamante é a educação".

sexta-feira, 15 de junho de 2012

AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO


O que é educação?

“É a educação transmissão de conhecimentos? É a educação preparação para a cidadania democrática responsável? É a educação o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo? É a educação adestramento para o exercício de uma profissão? As várias respostas, em sua maioria conflitantes, dadas a essas perguntas são indicativas da adoção de conceitos de educação diferentes, muitas vezes incompatíveis, por parte dos que se preocupam em responder a elas. Este fato, por si só, já aponta para a necessidade de uma reflexão sistemática e profunda sobre o que seja a educação, isto é, sobre o conceito de educação”.  http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/chaves.htm 

Platão acredita que a educação deve ser direcionada à aquisição do conhecimento do Bem e da Verdade, e também que aprender é recordar. 



Paulo Freire

Educação é: “...um que-fazer humano. Que-fazer, portanto, que ocorre no tempo e no espaço, entre os homens,uns com os outros”.


BRANDÃO. Carlos R. O que é educação, 33ª Ed. Brasiliense, São Paulo. 1995.

A educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim não existe modelo de educação, a escola não é o único lugar onde ela ocorre e nem muito menos o professor é seu único agente. Existem inúmeras educações e cada uma atende a sociedade em que ocorre, pois é a forma de reprodução dos saberes que compõe uma cultura, portanto, a educação de uma sociedade tem identidade própria.

http://www.faibi.com.br/downloads/ped/sintese_ideias.pdf




Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

"Meu único desejo, meu tema musical, meu diamante é a educação".




Educação é o desenvolvimento integral do indivíduo: Corpo, mente, espírito, saúde, emoções,pensamentos, conhecimento, expressão, etc. Tudo em benefício da própria pessoa, e a serviço de seu protagonismo e autonomia. Mas também sua integração harmônica e construtiva com toda a sociedade.
Jornal O Marisco, edição 103 Educação é centrar-se na formação integral do ser humano para que ele se reconheça no seu meio social.  

Do latim EDUCATION, 1. ação de criar(animais) ou alimentar(plantas); 2.  educação e instrução.

Do latim, educo, -is, -ere, -duxi, -ductum, 1.  Levar para fora, 2. fazer sair, 3. tirar de.  (Dic. Latino de Ernesto Faria)

A EDUCAÇÃO EM SEU CONTEXTO HISTÓRICO: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA FRENTE AO TERCEIRO MILÊNIO 
VÍDEO
FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO

PRÁTICA NA ESCOLA