Prolégomènes à une pratique éducative exitentialiste
Abdeljalil Akkari * Peri Mesquida ** Regina Berbetz Valença***
Resumo
Pistas para uma introdução sobre a reflexão de como seria uma prática educativa fundada nos princípios filosóficos do existencialismo, a partir de Nietzsche, Heidegger, Merleau-Ponty, Gabriel Marcel e Jean-Paul Sartre, procurando construir o que chamamos de “teses” existencialistas. A partir daí, trabalhamos a relação dessas teses com a prática pedagógica, concluindo com uma abordagem sobre a influência do existencialismo sobre o pensamento e a proposta pedagógica de Paulo Freire.
Palavras-chave:
Existencialismo, Educação, Prática educativa.
Nietzsche: Individualismo e "vontade de poder"
Antonio Carlos Olivieri, Da Página 3
Pedagogia & Comunicação
Friedrich Nietzsche era formado em
filologia clássica e não em filosofia. Tornou-se filósofo, segundo ele mesmo
diz, devido à leitura de Schopenhauer. Concorda com a visão de mundo
deste filósofo em três questões essenciais: a) a inexistência de Deus; b) a
inexistência de alma; c) a falta de sentido da vida, que se constitui de
sofrimento e luta, impelida por uma força irracional, que podemos chamar de
vontade.
No entanto, ao contrário de Schopenhauer, Nietszche não vê a realidade
repartida em duas, o fenômeno e a coisa em si. Considera que este mundo é a
única parte da realidade e que não devemos rejeitá-lo ou nos afastarmos dele,
mas viver nele com plenitude. Como, porém, fazer isso num mundo sem Deus e sem
sentido?
Nietszche começa a resolver o problema fazendo um ataque à moral e aos
valores existentes na sociedade que lhe é contemporânea. Segundo o filósofo,
esses valores derivam de civilizações já inexistentes, como a grega e a
judaica, e de religiões em que muitos - senão a maioria - já não têm fé.
Precisamos, portanto, de uma nova base para assentar nossos valores.
Justiça dos fracos
A civilização, de acordo com o Nietzsche, foi criada pelos fortes, pelos
inteligentes, pelos homens competentes, os líderes que se destacaram da massa.
Moralistas como Sócrates e Jesus, porém, negaram essa realidade em nome dos
fracos.
Propagando uma moral que protegia os fracos dos fortes, os mansos dos
ousados, que valorizava a justiça em vez da força, eles inverteram os processos
pelos quais o homem se elevou acima dos animais e exaltaram como virtudes
características típicas de escravos: abnegação, auto-sacrifício, colocar a vida
a serviço dos outros.
"Super-homem"
Considerando que tais valores não têm
origem divina ou transcendente, Nietzsche afirma que somos livres para negá-los
e escolher nossos próprios valores. Ao "tu deves" devemos responder
com o "eu quero". É a vontade de poder que
permite ao indivíduo que se autoelege desenvolver seu potencial máximo de modo
a tornar-se um super-homem ou um ser além-do-homem - isto é, que se coloca acima da
massa.
Nietzsche identifica o "super-homem" em personagens como Napoleão, Lutero, Goethe e até mesmo Sócrates (não por suas ideias, mas pela
coragem de levá-las às últimas consequências). Enfim, no líder que tem vontade
de poder, que ousa tornar-se o que realmente é. É assim que se afirma a vida e
se pode atingir a auto-realização.
Naturalmente, o filósofo sabe que isso não vai abolir os conflitos e nem
se preocupa com isso, pois considera os conflitos como um estímulo. De resto,
querer abolir a competição, a derrota e o sofrimento é o mesmo que pretender
abolir a lei da gravidade.
Desafio e resposta
O pensamento nietzschiano pode ser avaliado sob duas perspectivas. Por
um lado, ele postula um supremo desafio ético ao propor uma reavaliação radical
dos valores morais da humanidade. Nesse sentido, ele apresentou o problema
sobre o qual iriam se debruçar muitos filósofos do século 20, a partir dos
existencialistas.
Por outro, a resposta que ele propõe a esse desafio - marcada pelo
individualismo e pela "lei do mais forte" (que pode ser também o mais
inteligente ou o mais talentoso) - desaguou no nazi-fascismo, que se apropriou de suas ideias
e o usou em sua propaganda. No encontro histórico de Mussolini e Hitler, em 1938, o líder alemão presenteou o
italiano com uma coleção das obras de Nietzsche.
Convém lembrar, porém, que o filósofo já em sua época ridicularizava o
nacionalismo alemão. Quanto ao seu propalado anti-semitismo, pode ser
desmentido por um de seus próprios aforismos: "Os anti-semitas não perdoam
os judeus por terem intelecto e dinheiro. Anti-semita: outro nome para 'roto e
esfarrapado'".
Não se pode falar de Nietzsche sem comentar o aspecto literário de sua
obra. A maioria de seus livros não é escrita no tipo de prosa dissertativa
característica da filosofia, com argumentos e contra-argumentos expostos na
íntegra. Ao contrário, estão sob a forma fragmentária de aforismos e parágrafos
numerados separadamente, ou ainda como epigramas ou na linguagem dos textos
religiosos, como se vê em uma de suas obras mais conhecidas: "Assim falou
Zaratustra".
O EXISTENCIALISMO
O termo existencialismo reúne
diversas correntes filosóficas que têm como ponto de partida a situação
existencial do homem. Falamos também da filosofia existencial do século XX.
Muitos dos pensadores que se podem chamar existencialistas basearam as suas
ideias não apenas em Kierkegaard mas também em Hegel e Marx.
Um outro filósofo que teve muita
influência no século XX foi o alemão Friedrich Nietzsche que viveu entre 1844 e
1900. Nietzsche também reagiu à filosofia de Hegel e ao «historicismo» alemão
proveniente dela. A um interesse anémico pela história contrapôs a própria
vida. Exigia uma «transformação de todos os valores». Recusava sobretudo a
moral cristã - a que chamou «moral dos escravos» - para que a força vital dos
fortes não fosse reprimida pelos fracos. Segundo Nietzsche, tanto o
cristianismo como a tradição filosófica se tinham afastado do mundo verdadeiro
e dirigido para o «céu» ou o «mundo das ideias». Eram considerados o
«verdadeiro mundo» mas eram na realidade um mundo falso. «Sede fiéis à terra»,
disse. «Não deis ouvidos àqueles que vos oferecem esperanças sobrenaturais.»
Para
continuar lendo:
Será que em nossa sociedade atual existe esse "Super-Homem" com valores firmes, e destemidos? Não será mais fácil ser corrompido e não seguir nenhum valor ou princípio, a sociedade atual mostra isso há poucos que vão contra ela, e são eles que fazem a diferença.
ResponderExcluir