segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Theodor Adorno e a educação



Theodor Adorno e a educação para o pensar autônomo

Filósofo alemão defende uma formação humanística, capaz de criar a consciência crítica


Fernando Cassaro 
       Revista Nova Escola – 11/2009

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Theodor Adorno (1903-1969) dedicou a vida ao entendimento dos processos de formação do homem na sociedade. O filósofo e sociólogo alemão foi um dos fundadores da Escola de Frankfurt, corrente de pensamento do início da década de 1920 fundamentada na ideologia marxista. Adorno teve um papel importante na investigação das relações humanas. Queria entender a lógica da burguesia industrial para defender mudanças na estrutura social e, com esse propósito, acabou entrando no terreno da Pedagogia - apesar de não ser considerado por especialistas como um teórico da área (veja o quadro abaixo). 

Para entender o pensamento de Adorno em relação à Educação, é importante compreender as críticas que ele faz à indústria cultural, vista como a responsável por prejudicar a capacidade humana de agir com autonomia. O tema foi tratado pela primeira vez em 1947 no livro A Dialética do Esclarecimento, que ele escreveu em parceria com Max Horkheimer (1895-1973), também da Escola de Frankfurt. Os autores explicam que a consciência humana é dominada pela comercialização e banalização dos bens culturais - fenômeno batizado posteriormente de "semiformação".

"Adorno afirma que há um processo real na sociedade capitalista capaz de alienar o homem das suas condições de vida", explica Rita Amélia Teixeira Vilela, doutora em Educação pela Universidade de Frankfurt e professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). É nessa discussão que está a chave para entender a crítica adorniana à escola: para o autor, a crise da Educação é, na verdade, a crise da formação cultural da sociedade capitalista como um todo.

Na opinião dele, o problema da Educação está no fato de ela ter se afastado de seu objetivo essencial, que é promover o domínio pleno do conhecimento e a capacidade de reflexão. A escola, assim, se transformou em simples instrumento a serviço da indústria cultural, que trata o ensino como uma mera mercadoria pedagógica em prol da "semiformação". Essa perda dos valores, segundo o autor, anula o desenvolvimento da autorreflexão e da autonomia humana. "Adorno critica a escola de massa por ela, segundo ele, instalar e cultuar a massificação. O resultado disso é a deformação da consciência", diz Rita Amélia.

Numa escola em que impera a banalização do conhecimento, o aluno é induzido a deixar de ler com profundidade as principais obras literárias, por exemplo, dando lugar à absorção de apenas alguns trechos necessários para responder aos exercícios escolares. "São repassados nada mais do que conhecimentos fragmentados e o trabalho pedagógico está somente orientado para conseguir a aprovação em exames e um diploma", afirma Rita Amélia. Seria a famosa "decoreba" de respostas prontas, em vez do estímulo ao raciocínio.

A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA A EMANCIPAÇÃO À primeira vista, pode parecer que Adorno era contra a Educação. Pelo contrário. As críticas ao processo pedagógico são consequência do reconhecimento pelo autor da capacidade que ela tem de transformar as relações sociais. Fica evidente em sua obra a defesa de um projeto de libertação do homem por meio da formação acadêmica, porém uma formação de amplitude humanística. Para Adorno, o ensino deve ser uma arma de resistência à indústria cultural na medida em que contribui para a formação da consciência crítica e permite que o indivíduo desvende as contradições da coletividade.

O autor defende um processo educacional capaz de criar e manter uma sociedade baseada na dignidade e no respeito às diferenças. Segundo ele, o mundo estaria danificado pela falta de capacidade dos indivíduos de resistir ao processo de sua própria alienação. Mesmo quando a Educação considerada ideal estiver limitada e condicionada a uma realidade nada promissora, Adorno prega um projeto pedagógico que consiga libertar da opressão e da massificação.


Adorno e a Educação -Teoria Crítica na Educação

Abaixo segue o vídeo Adorno e a Educação - Teoria Crítica na Educação. Parece-me   muito apropriado. Espero que vocês também gostem. A ideia é não entregar-se cegamente ao coletivo. Traz partes de discursos de Hitler, de como ele dominou as massas, provocando milhares e milhares de mortes. Vejam o conteúdo com o mesmo olhar crítico que o autor tratou essas questões. Vale a pena ver na sua íntegra:

"Pessoas que se enquadram cegamente no coletivo fazem de si mesmas meros objetos materiais, anulando-se como sujeitos dotados de motivação própria."



A seguir apresentamos o artigo: Adorno: Educação e Emancipação de Nildo Viana, cujo resumo é o seguinte:

Resumo: 
Para Adorno, a educação deve, simultaneamente, evitar a barbárie e buscar a emancipação humana. Ele questiona a educação autoritária e pensa uma educação emancipatória, mas, ao não apresentar um projeto de transformação social global, deixa de lado uma compreensão da totalidade da sociedade repressiva e realiza um isolamento do processo educacional, atribuindo a ele um papel transformador que dificilmente pode realizar isoladamente. 

Para ler o artigo na íntegra, acesse:

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Émile Durkheim e a educação



Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito - o jovem bruto -, segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas. 

Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.


CONTINUAR LENDO
 http://revistaescola.abril.com.br/formacao/criador-sociologia-educacao-423124.shtml




EDUCAÇÃO COMO PROCESSO SOCIALIZADOR: FUNÇÃO HOMOGENEIZADORA E FUNÇÃO DIFERENCIADORA* 
Émile Durkheim 

As definições da educação: exame crítico. 

A PALAVRA educação tem sido muitas vezes empregada em sentido demasiadamente amplo, para designar o conjunto de influências que, sobre nossa inteligência ou sobre a nossa vontade, exercem os outros homens, ou, em seu conjunto, realiza a natureza. Ela compreende, diz Stuart MILL, "tudo aquilo que fazemos por nós mesmos, e tudo aquilo que os outros intentam fazer com o fim de aproximar-nos da perfeição de nossa natureza. Em sua mais larga acepção, compreende mesmo os efeitos indiretos, produzidos sobre o caráter e sobre as faculdades do homem, por coisas e instituições cujo fim próprio é inteiramente outro: pelas leis, formas de governo, pelas artes industriais, ou ainda, por fatos físicos independentes da vontade do homem, tais como o clima, o solo; a posição geográfica". Essa definição engloba como se vê, fatos inteiramente diversos, que não devem estar reunidos num mesmo vocábulo, sem perigo de confusão. A influência das coisas sobre os homens é diversa, já pelos processos, já pelos resultados, daquela- que provém dos próprios homens; e a ação dos membros de uma mesma geração, uns sobre outros, difere da que os adultos exercem sobre as crianças e adolescentes. É unicamente esta última que aqui nos interessa e, por conseqüência, é para ela que convém reservar o nome de educação. Mas em que consiste essa influência toda especial? Respostas muito diversas têm sido dadas a essa pergunta. Todas, no entanto, podem reduzir-se a dois tipos principais.



O PENSAMENTO EDUCACIONAL DE ÉMILE DURKHEIM 
Carlos Lucena


RESUMO. Este artigo analisa os principais pressupostos de pensamento de Émile Durkheim sobre a sociedade e a educação. Debate com algumas das suas principais obras, entre elas, “A Divisão do Trabalho Social”, “O Suicídio”, “As Formas Elementares da Vida Religiosa”, “Educação e Sociologia”, demonstrando os elementos para a construção de uma teoria do consenso social. Proporciona o debate sobre como estas teorias influenciam a educação nos dias atuais. Palavras-chave: Educação; Positivismo; Durkheim, Pedagogia Tradicional. 

Para ler todo o artigo, acesse:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/40/art18_40.pdf  


Sociedade e Educação - Émile Durkheim

https://www.youtube.com/watch?v=6KRBEr2jHf4

LEIA MAIS:
DURKHEIM E A SOCIOLOGIA DÁ EDUCAÇÃO NO BRASIL
por Fernando Correia Dias
http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/726/649

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A EDUCAÇÃO PARA IMMANUEL KANT




O CONTEXTO FILOSÓFICO DO ILUMINISMO E A CENTRALIDADE DA AUTONOMIA NA FILOSOFIA PRÁTICA DE KANT


Na obra Sobre a Pedagogia, Kant (1996b, p. 30) fala sobre a importância de a ação educativa seguir a experiência. A educação não deve ser puramente mecânica e nem se fundar no raciocínio puro, mas deve apoiar-se em princípios e guiar-se pela experiência (cf. idem, p. 29). A partir da pedagogia kantiana, podemos dizer que uma educação que vise formar sujeitos autônomos deve unir lições da experiência e os projetos da razão. Isso porque no caso de basear-se apenas no raciocínio puro, estará alheia à realidade e não contribuirá para a superação das condições de heteronomia e, no caso de guiar-se apenas pela experiência, não haverá autonomia, pois para Kant a autonomia se dá justamente quando o homem segue a lei universal que sua própria razão proporciona. 

      Mas essa imprescindibilidade da experiência como caminho para a educação possui segundo Philonenko (1966, p. 25-26) uma razão metafísica, a liberdade humana. Na condição de livre, o homem não pode ser objeto de ciência, de conhecimento, como pretendiam os iluministas. Apenas os fenômenos possuem uma essência determinada pelas leis da natureza. As coisas podem ser conhecidas porque possuem uma essência que o entendimento pode perceber a priori. No entanto, dizer que um ser é livre é dizer que ele não tem essência que determine a sua existência, ou ainda, não ter essência determinada é o que faz do homem livre. Por isso, não possuir a existência de antemão determinada é um fator sem o qual não se pode falar em autonomia. 

      A tarefa central da educação é orientar um ser que não pode ser conhecido por não ter essência determinada, e que, por isso, pode tomar diferentes direções, o homem é livre e por isso ele pode ser educado. Mas, a liberdade está inclinada para o bem ou para o mal? Kant não fala em uma natureza humana exatamente má, mas o homem não nasce isento de vícios. No entanto, ao mesmo tempo em que nasce com disposição para seguir impulsos, vícios, o homem nasce com a lei moral dentro de si. Em Sobre a Pedagogia afirma: "A única causa do mal consiste em não submeter a natureza a normas. No homem não há germes senão para o bem" (KANT, 1996b, p. 24). Com isso quis dizer que não pode se afirmar no homem uma vontade, uma razão praticamente legisladora que desejasse o mal. Então, considerando seu caráter inteligível, a humanidade é integralmente boa. Cabe ao homem optar por guiar-se pela sua razão ou não. Mas ele será autônomo na condição de guiar-se pela razão, por isso a educação deve objetivar a racionalidade, isso porque o ser racional pode promulgar para si a lei universal e assim, ser autônomo. Já que o homem não nasce determinado para o bem ou para o mal, Kant propõe uma educação como aprendizagem do exercício das regras no plano teórico e prático. 



A educação moral segundo Kant
Por ROBINSON DOS SANTOS

Doutorando em Filosofia na Universidade de Kassel – Alemanha. Bolsista do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD)

Para o filósofo de Königsberg a educação pode ser entendida sob duas perspectivas fundamentais: física, ou seja, aquela em que as questões mais importantes são: a formação de hábitos de higiene, cuidados com a saúde e conservação do corpo; ou prática, isto é, aquela em que a preocupação fundamental é a formação do caráter. Esta última é também designada como educação moral.

Ainda na introdução Kant enfatiza: “Tornar-se melhor, educar-se e, se se é mau, produzir em si a moralidade: eis o dever do homem” (2002, p. 19-20). A educação, além disso, deve ser pensada e estabelecida de um modo cosmopolita de tal forma que o homem seja: a) disciplinado; b) torne-se culto; c) torne-se prudente ou que adquira civilidade; e d) moralize-se. Podemos perceber que a aspiração à universalidade, tão afeta a Kant, se faz presente também em sua concepção de educação, de modo especial quando se refere à perspectiva cosmopolita.

À educação prática, cabe a tarefa de realizar no ser humano a perspectiva de formação descrita acima. De acordo com a leitura que fazemos, nota-se que o aspecto mais importante na filosofia da educação kantiana é a moralidade e que, por conta disso, está pressuposta nesta concepção a ensinabilidade da virtude. A virtude não só pode, como deve ser ensinada.

Concepção de educação prática
O conceito de educação prática é exposto em cerca de vinte páginas, tomando-se por referência o texto traduzido para o português por Fontanella em 1996. Kant concebe a educação prática como sinônimo ou equivalente à educação moral. O elemento central em torno do qual Kant articula a reflexão é a formação do caráter. Se na educação física o processo consiste em cuidados com o corpo, com a saúde, com nossa vida material ou em formar hábitos saudáveis, na educação prática, formar o caráter envolve fundamentalmente o desenvolvimento da virtude, isto é, a capacidade que o indivíduo desenvolve em si de agir conforme o dever que, por meio da razão, ele estabelece para si mesmo. Em A Metafísica dos Costumes Kant define virtude como “(...) a força moral da vontade de um ser humano no cumprir seu dever, um constrangimento moral através de sua própria razão legisladora, na medida em que esta constitui ela mesma uma autoridade executando a lei” (2003, p. 248, grifos do autor).

Vê-se, pois, que o elemento central é a ação. Segue-se daí a definição de educação prática. Prático, afirma Kant em outra passagem, é tudo que diz respeito à liberdade.

Na educação moral a virtude é concretizada em dois tipos de deveres que as crianças desenvolverão: deveres para consigo mesmas e deveres para com os demais. Neste ponto já está suposto, como afirmamos anteriormente, que a virtude, de acordo com Kant pode e deve ser ensinada, assim como cultivada.
Para ler todo o artigo:
http://www.espacoacademico.com.br/046/46csantos.htm  -  acessado em 14-08-2015, às 14:52 h. 

KANT E A EDUCAÇÃO 
Rejane Margarete Schaefer Kalsingi 

RESUMO:

Sobre a pedagogia, mais conhecida obra do filósofo Immanuel Kant sobre o tema educação, muitas vezes considerada do suposto período de senilidade do filósofo, por ter sido publicada um ano antes de sua morte, em 1803. Porém, percebem-se nela certas idéias que ocorrem também em sua filosofia da história, como, por exemplo, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita e Início conjectural da história humana. Essas idéias são, entre outras, a evolução do ser humano da animalidade à humanidade; o fato de o ser humano não poder utilizar somente o instinto, necessitando extrair de si mesmo determinadas qualidades, através do exercício de sua razão; a ideia de uma determinação da humanidade ou de um fim mais alto da humanidade, que é a determinação moral. O objetivo do presente artigo é tratar das possíveis relações entre essas três obras. Palavras-chave: educação; filosofia da história; animalidade; humanidade; instinto; razão.

Ler o artigo em:



JEAN-JACQUES ROUSSEAU




Em sua obra sobre educação, o pensador suíço prega o retorno à natureza e o respeito ao desenvolvimento físico e cognitivo da criança

01/07/2011 18:17 


Frases de Jean-Jacques Rousseau:

"A instrução das crianças é um ofício em que é necessário saber perder tempo, a fim de ganhá-lo"

"Que a criança corra, se divirta, caia cem vezes por dia, tanto melhor, aprenderá mais cedo a se levantar"


Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, em 1712. Sua mãe morreu no parto. Viveu primeiro com o pai, depois com parentes da mãe e aos 16 anos partiu para uma vida de aventureiro. Foi acolhido por uma baronesa benfeitora na província francesa de Savoy, de quem se tornou amante. Converteu-se à religião dela, o catolicismo (era calvinista). Até os 30 anos, alternou atividades que foram de pequenos furtos à tutoria de crianças ricas. Ao chegar a Paris, ficou amigo dos filósofos iluministas e iniciou uma breve mas bem-sucedida carreira de compositor. Em 1745, conheceu a lavadeira Thérèse Levasseur, com quem teria cinco filhos, todos entregues a adoção - os remorsos decorrentes marcariam grande parte de sua obra. Em 1756, já famoso por seus ensaios, Rousseau recolheu-se ao campo, até 1762. Foram os anos em que produziu as obras mais célebres (Do Contrato Social, Emílio e o romance A Nova Heloísa), que despertaram a ira de monarquistas e religiosos. Viveu, a partir daí, fugindo de perseguições até que, nos últimos anos de vida, recobrou a paz. Morreu em 1778 no interior da França. Durante a Revolução Francesa, 11 anos depois, foi homenageado com o translado de seus ossos para o Panteão de Paris.

Na história das idéias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau (se liga inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o regime monárquico francês, como Robespierre, o admiravam com devoção.

O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causas, Rousseau inclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento econômico.

O primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo deve ser combatido. A desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a liberdade dos indivíduos e em seu lugar restaram artifícios como o culto das aparências e as regras de polidez.

Ao renunciar à liberdade, o homem, nas palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como humano. Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo preconiza um mergulho interior por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.




ROUSSEAU E A EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA
GROSS * , Renato– UTP
grossrenato@yahoo.com.br GRAMINHO ** ,
Carla – UTP carlag@onda.com.br

Resumo
O presente trabalho, de natureza histórico-analítico-descritiva, objetiva resgatar para a atualidade as idéias de Rousseau referentes à educação da infância. Este conceito foi uma das principais contribuições da modernidade no campo das idéias pedagógicas. Seu caráter se reveste de atualidade pois, na pós-modernidade, assiste-se ao esvaziamento da infância no que ela tem de potencialmente pedagógico. Analisam-se os primeiros capítulos da obra Emilio, ou Da Educação, os quais acompanham a sua formação até a idade de doze anos. Desenvolve-se também o conceito rousseaniano de educação negativa. 

Palavras-chave: Rousseau; Infância; Educação da infância.



Jean Jacques Rousseau - Seu Legado para a Educação:


Dra. Priscila Nacaro - Doutora em Pedagogia versa sobre Jean-Jacques Rousseau:


Rousseau Vida e Obra (O Emílio)


A ATUALIDADE DA EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DE JOHN LOCKE


 A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DE JOHN LOCKE




Clenio Lago
(Brasil)

Graduado em Filosofia pela Unifra/RS, Mestre em Educação
pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade Federal de Santa Maria (PPGE/UFSM), no Brasil
Doutor em Educação pela PUC/RS.


     John Locke (1632-1704), filósofo empirista inglês, encontra-se na passagem do mundo medieval ao moderno, em um dos períodos mais turbulentos da história da Inglaterra, marcado pelo antagonismo entre a Coroa e o Parlamento, segundo Weffort (1991, p. 81), “[...] controlados, respectivamente, pela dinastia Stuart, defensora do absolutismo, e a burguesia ascendente, partidária do liberalismo”, do qual resultou o Estado Moderno, cujos reflexos se fizeram sentir nas mais variadas áreas, fazendo-se necessário para a compreensão do hoje.

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A origem das idéias e a educação

    Inicialmente, devemos considerar que Locke entende o homem como criatura de Deus, naturalmente livre e racional, dotado de capacidades inatas, cuja mente é “[...] um papel branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias [...] quarto escuro [...] um armário totalmente vedado contra a luz [...]” (LOCKE, 1988 p. 27, 49 e 50); que o conhecimento é adquirido, a experiência (sensação/externa e a reflexão/interna) como a fonte de todo o conhecimento e o homem racional.

    Assim, ciente da vulnerabilidade da alma humana e do momento histórico vivido, imaginando que “[...] o espírito dos meninos toma este ou aquele caminho tão facilmente como a água” (LOCKE, 1988, p. 32), que o conhecimento se dá de fora para dentro9 e que o homem é pela educação recebida, mais que depressa, Locke buscou trabalhar com a sugestionabilidade humana, pois conforme Hernandes (1991, p. 44), “a força dos costumes, das opiniões difundidas é de tal porte, que é capaz de romper, até mesmo, um instinto natural, um dos mais altos e universais interesses do homem [...] a existência do instinto de autopreservação [...]”.

    Como os instintos naturais de autopreservação são insuficientes para fazer frente aos costumes e às opiniões alheias, buscou vincular a sensação e a reflexão e torná-las base do processo educativo, reforçando e negando os caracteres naturais, segundo o ideal a ser alcançado. Sendo a experiência sensível, a porta de entrada às idéias simples, aos materiais do conhecimento, ela constitui-se no primeiro momento tanto da ação cognitiva quanto da ação educativa. Mas, chamou a atenção de que a ação pedagógica deve ser conduzida com cuidado e com sabedoria, segundo o desenvolvimento natural da criança, proporcionando experiências em vista do fim: por um lado, salvando e desenvolvendo as disposições naturais voltadas para o bem e disciplinando-as; por outro, freando as inclinações para o mal e incutindo-lhes os referenciais da ação humana, uma vez que o caráter germina e frutifica em torno da experiência individual, com base na relação bem/prazer e mal/dor. Conforme Locke (1988, p. 45),

    As idéias, porém, que na realidade marcam inicialmente as impressões de modo profundo e permanente, são as que vêm acompanhadas pela dor e prazer. Uma vez que a principal tarefa dos sentidos consiste em fazer-nos observar tudo o que causa mágoa ou proveito ao corpo, coube à natureza ordenar com sabedoria, [...] que a apreensão de várias idéias deve ser acompanhada pela dor, preenchendo, desta maneira, o espaço para a ponderação e o raciocínio nas crianças.

    Estes, o prazer e a dor, na obra Alguns pensamento sobre a educação, Locke (1986, p. 80) os concebe como “[...] os ferrões que excitam a ação e como as rédeas que guiam o gênero humano inteiro”, pois, como afirma em outra passagem, “a única coisa que tememos, naturalmente, é a dor ou a privação do prazer” (LOCKE, 1986, p. 161). Assim, sendo as crianças muito sensíveis aos elogios e ao desprezo, ao prazer e à dor, a educação deve proporcionar, cuidadosamente, a inculcação de referenciais à vida virtuosa, associando prazer à felicidade e vício à infelicidade.10

    Para Jorge Filho (1992, p. 277-278), a proposta educacional de Locke
    [...] antes, cumpre sensibilizar a criança para um critério de reputação em sintonia com a lei de natureza, mesmo que divirja dos costumes sociais. A educação lockiana tem como propósito, não a adaptação a estes, mas a libertação de sua influência corruptora. [...] possibilitar a ascensão gradual da razão ao governo do entendimento e da vontade.

    Se as alterações ocorridas em nosso corpo não forem percebidas e não chegarem até a mente, não teremos a matéria do pensamento a ser trabalhada e relacionada, não existindo conhecimento e nem educação, pois tanto o processo do conhecimento quanto o educativo se dá de fora para dentro. Como Locke visa a formar o homem virtuoso, o gentleman apto a buscar o conhecimento e comportar-se como é devido em sociedade burguesa, valendo-se deste processo lógico, preferiu a educação doméstica, a fim de melhor proporcionar e controlar experiências positivas relacionadas ao prazer e negativas relacionadas à dor, em torno do ideal a ser formado, criando o desejo de ser virtuoso, pela canalização das vontades ao ideal de sociedade burguesa. Para tanto, apontou que a educação deve começar desde cedo, visto entender que a maior parte dos homens é pela educação recebida. O que está em jogo é a vulnerabilidade humana, pois

    Quando as crianças chegam ao mundo pela primeira vez, encontram-se rodeadas por uma infinidade de coisas novas, que, por constante solicitação de seus sentidos, orientam a mente constantemente para elas, avançando para observar de novo, e se deliciando com a variedade cambiante de objetos. São, assim, os primeiros anos usualmente empregados e entretidos em olhar para fora. [...] assim, crescendo com a atenção constante para as sensações externas, raramente os homens fazem alguma reflexão considerável sobre o que ocorre com eles, até atingirem a idade adulta; e alguns raramente, e mesmo jamais (LOCKE, 1988, p. 29).

    Como não nascemos adultos, como nossas capacidades não se encontram desenvolvidas e somos muito vulneráveis, Locke propõe a formação de “bons hábitos” como a forma mais eficaz do processo educativo, sempre considerando o desenvolvimento natural da criança. Segundo Hernandes (1991, p. 70), “a preferência de Locke pelo hábito resulta do seu reconhecimento acerca da inutilidade de pretender-se moldar a mente infantil recorrendo-se à explicitação e à memorização de regras e preceitos. [...] Contra a ineficácia das regras, temos a eficácia da prática” (grifo é da autoria). Ainda conforme Hernandes (1991, p. 86), para Locke, o hábito “[...] tem, na realidade, qualificação positiva quando ligado a questões práticas, disciplinares ou de eficiência, tanto física quanto mental. Entretanto, o hábito não desfruta, em Locke, de status teórico, epistemológico”. Sua importância está vinculada à ação prático-pedagógica, proporcionando a armadura necessária à busca do conhecimento e à conduta ética, à medida que determina subordinar à razão todas as opiniões e instintos, mas não sua sustentação, pois é carregado de irracionalidade.

    Enfim, tanto no processo do conhecimento como no educativo, Locke vale-se da mesma lógica. Ambos se dão de fora para dentro, com base nas experiências individuais que, na ação pedagógica, devem ser orientadas a moldar a mente e o caráter em vista de um padrão ideal de comportamento, através da instauração de bons hábitos. Por exemplo, o de subordinar tudo aos pressupostos da razão. Não esqueceu, porém, de chamar a atenção às disposições naturais, às individualidades, como que se desculpando de ter tratado a mente humana como uma tabula rasa.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

A EDUCAÇÃO EM SÃO TOMÁS DE AQUINO



De Rerum Natura
... São Tomás propõe uma dedicação integral aos estudos, uma consagração à vida intelectual, um estilo de vida ascético que propicie uma relação com Deus, com os outros e consigo próprio. No De modo studendi é muito claro: “alguém dedicado ao estudo deve, antes de mais, cuidar das atitudes da alma” (Lauand, 1998, p. 302).

A aquisição do tesouro do conhecimento exigirá, diz no “De modo studendi”, uma ordenação interior do sujeito que estuda, bem como uma ordenação exterior: “do mais fácil para o mais complexo, do riacho para o alto-mar”. Nesta articulação entre o interior e o exterior, Tomás apresenta em De Magistro,  a aprendizagem intelectual como um movimento gradual, que faz com que a aquisição da ciência (saber) seja uma passagem progressiva de potência a acto.

A aprendizagem não é entendida como anamnesis (já que Tomás não admite a preexistência da alma), mas sim como a aquisição de verdades até então desconhecidas. O saber que o discípulo possui antes de receber os ensinamentos do mestre, é apenas um saber “inicial”, fruto de uma adaptação espontânea da inteligência, contudo, falta-lhe todo um caudal de conhecimentos, que serão adquiridos pela ajuda da do mestre, que o guia por “caminhos seguros até à obtenção de conclusões certas” (Galino, 1981, p. 559).

Para São Tomás existem dois modos de adquirir a ciência: por si próprio, o modo natural, e por intermédio do mestre. Apesar de o homem poder adquirir conhecimentos por si próprio, a acção do mestre é sempre fecunda e insubstituível na busca da ciência.

Assim, para além do exercício da inteligência realizado pelo aluno, a acção do mestre condiciona a instrução de tal modo que, na sua ausência, pode faltar (falhar) a aprendizagem, até porque, em muitos casos, o mestre tem de proceder à remoção de tudo o que pode ser obstáculo ou entrave ao reto exercício das faculdades do discípulo (Galino, 1981).


Para continuar lendo: http://dererummundi.blogspot.com.br/2013/05/sao-tomas-de-aquino-e-defesa-da.html


FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO





“Não se deve esperar da criança inteligência nem aspirar a ela. 
O mais importante é a consciência, a disciplina”;

“Não se aprende pelas palavras, que repercutem exteriormente, mas pela verdade, que ensina interiormente”



Em capítulos de alguns de seus livros Santo Agostinho aborda temas filosóficos da educação e também recomenda um método pedagógico que acredita o mais eficaz para o ensino dos jovens.

No Sobre o mestre (De Magistro) e no seu Sobre a Doutrina Cristã (De doctrina christiana) encontramos o objetivo último que Santo Agostinho dá para a educação: voltar-se o Homem para Deus. Mas como os seres humanos são um mistério para si mesmos, Deus é entendido como inteiramente misterioso. Assim, a busca incessante de Deus é sempre uma busca de um objetivo inatingível pelo buscador. Ele considerava o ensino como mera preparação para a compreensão, e esta seria uma iluminação do "professor íntimo", que é Cristo. Ensinar, diz ele, é o maior de todos os atos de caridade (**).

O método de Agostinho não é o socrático, que usa o diálogo como alguém que não sabe nada, e que procura descobrir a verdade caminhando junto com o aluno nesse sentido. Ao contrário, ele acreditava mais em transmitir o conhecimento para os alunos como aquele que sabe a verdade para os que não sabem nada. Assim, ele estabeleceu uma metodologia cristã, que influenciou estudiosos e educadores ao longo da história do Ocidente.

Ser professor nesse contexto era um ato de amor. Este amor era necessário, pois sabia das dificuldades de estudo, e a resistência ativa dos jovens para a aprendizagem. Ele também considerou o idioma um obstáculo para a aprendizagem, uma vez que a mente se move mais rápido do que as palavras que o professor pronuncia, e as palavras, por sua vez, não expressam adequadamente o que o professor pretende.

O professor, ao ensinar estudantes que têm alguma cultura, precisa começar por questioná-los sobre o que já sabem, a fim de não repetir o que já conhecem e sim levá-los com rapidez às matérias que ainda não tenham dominado. Ao ensinar o aluno superficialmente educado, o professor precisava insistir na diferença entre terem de memória as palavras e ter efetiva compreensão. Com relação ao aluno sem educação, Agostinho incentivou o professor a ser simples, clara, direta e paciente. Este tipo de ensinamento muita repetição necessária, e pode induzir o tédio no professor, mas Agostinho pensei que este tédio seria superado por uma simpatia com o aluno. Este tipo de simpatia induz alegria no professor e alegria no aluno.

De um modo geral o ensino deve ser feito no que Agostinho chamou o "método moderado". Esse estilo de ensino exige que o professor não sobrecarregue o aluno com muito material, mas aborde um tema de cada vez, para revelar ao aluno o que está escondido nele, para resolver dificuldades, e antecipar outras questões que possam surgir. Considera importante até mesmo o modo de falar do professor, que deve ter em ritmo equilibrado, usando frases bem elaboradas em equilíbrio com frases simples, com o propósito de encantar os alunos e atraí-los para a beleza do material.

Para ler o artigo completo, acessar:  http://www.cobra.pages.nom.br/ecp-santagostinho.html


ARISTÓTELES E A EDUCAÇÃO




Segundo Aristóteles, a educação é fundamental, uma vez que desenvolve a segurança e a saúde do Estado. Assim, a educação, para ele, tem por fim a cidade perfeita e o cidadão feliz.

Há uma relação entre política e educação na Grécia antiga. NaPolítica de Aristóteles, o homem é definido como um ser cível que é por natureza levado a viver em sociedade. O homem só terá vida plena se inserido em uma cidade-Estado, pois essa é condição indispensável para sua existência. A Pólis é um organismo vivo, cujo fim é assegurar as necessidades materiais para a sobrevivência do homem e uma vida intelectual melhor. Logo, todo indivíduo possui seu fim último ligado à Pólis, visto ser no interior desta que serão determinadas as suas atividades. Existe uma unidade orgânica entre a natureza política do indivíduo e o Estado.

Dentro dessa fisiologia política de Aristóteles, a educação entra como aquela capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado. É a educação que fornece unidade orgânica ao Estado; ela deve ocupar toda a vida do cidadão, desde a sua concepção. Só aquele capaz de legislar deve contribuir para a educação. Logo, a educação não pode ser negligenciada, sendo deixada a cargo de cada cidadão. Ela é responsabilidade do legislador, o único que pode estabelecer leis e princípios gerais. É somente através da educação que o homem irá desenvolver aquela que é considerada por Aristóteles a mais importante das ciências, justamente porque tem por objeto o bem-estar comum, ou seja, a Política. Tal educação será promovida através de um conjunto de atividades pedagógicas coordenadas, tendo em vista uma cidade perfeita e um cidadão feliz.
São funções do legislador:
·         Guiar os cidadãos à prática das virtudes;
·         Ocupar-se da educação dos jovens;
·         Estabelecer leis que promovam a educação conforme a moral e ligada à vida política no Estado, o que estabelece o equilíbrio político no seu interior;
·         Tornar a educação um assunto público;
·         Promover o fim do indivíduo que deve coincidir com o fim do Estado.
O Estado, com a ajuda dos pais, buscará a realização do bem político através da educação familiar, privada e pública, segundo os seguintes períodos de instrução:
1.      Procriação e período pré-natal, em que se tem o cuidado com a alimentação das gestantes;
2.      A nutrição (1 ano), pequena infância (dos 2 aos 5 anos), primeira infância (dos 5 aos 7 anos), em que se deve habituar a criança ao movimento e às lições;
3.      A educação (dos 7 aos 14 anos), a adolescência (dos 14 aos 21 anos), tendo como base a literatura e as ciências;
4.      E a maioridade, em que se prestará o serviço militar até os 35 anos.
Após esse período, o homem, bem formado, estará apto para legislar, pois já comprovou ter o domínio de si e das necessidades da cidade. Para Aristóteles, a felicidade se define em uma ação perfeita e no exercício da virtude. A felicidade do Estado está ligada ao saber e à vontade dos cidadãos. Ela é a atividade para a qual tende a virtude, é o resultado da virtude humana e, sendo assim, pertence à categoria dos bens divinos por excelência. É uma atividade que possui seu fim próprio, enquanto que as outras tendem para ela.
Já a virtude é a condição necessária para se alcançar a felicidade. Não é um instrumento, mas um hábito voluntário, consequência da prática que deve ser estimulada pela educação. Há uma dicotomia sobre a alma nesse sentido:
·         A parte racional (lógica), que divide a razão teórica da razão prática e
·         A parte privada (sensação, sentimentos, paixão) que deve obedecer à lógica.

A educação deve considerar as divisões da alma, cultivando ações que correspondam à parte superior da alma. Assim surge também a divisão das virtudes. São elas:
·         Intelectuais: sabedoria, inteligência, bom-senso, justiça;
·         Morais: generosidade e temperança.

As primeiras estão ligadas ao ensino e por isso necessitam da experiência e do tempo. As segundas proveem do hábito e não são inatas. As virtudes, portanto, são qualidades da alma adquiridas somente com a atividade e o esforço e é justamente aí que entra a educação.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

http://www.brasilescola.com/filosofia/aristoteles-educacao.htm  -  acessado em 29-07-2015, às 18:40h.



A EDUCAÇÃO SEGUNDO PLATÃO


A educação segundo Platão


Platão acredita que a educação deve ser direcionada à aquisição do conhecimento do Bem e da Verdade, e também que aprender é recordar.

Isto só é possível, segundo o pensador, porque na esfera superior dos céus estão estabelecidas as Verdades Eternas, em um recanto metafísico conhecido como Hiperurânio. Aí é possível encontrar as ideias e formas puras, concretas, eternas, inalteráveis e perfeitas.

A alma humana, ao se desprender do corpo, após a morte, tem a oportunidade de vislumbrar este universo, centro das existências passíveis de serem compreendidas; o mundo material, criado pelo artífice divino, é, portanto, apenas uma reprodução imperfeita e passageira deste modelo ideal. Uma vez contemplado o verdadeiro conhecimento, o Homem guarda no íntimo de sua essência a memória desta visão, embora conscientemente esqueça de tudo ao renascer.

Após o contato inicial com a fonte do saber, o ser humano o busca inconscientemente ao longo de sua trajetória existencial, guardando, assim, uma forte inclinação a alcançar este grau de excelência. Ao se deparar, no mundo das sensações físicas, com objetos que lhe despertam a vaga lembrança das Verdades Eternas, o Homem vai aos poucos resgatando o conhecimento que, na verdade, nunca lhe foi roubado.

Assim, o conhecimento científico, embasado na verdade em sua face mais íntima, só é possível quando o ser recupera, em suas reminiscências, o verdadeiro saber, só apreendido quando a alma está liberta do corpo; por esta razão, Platão defende que conhecer é lembrar, e que o Homem, ao encontrar o objeto do saber, tem condições de reconhecê-lo, uma vez que ele já está impresso em sua alma.

O filósofo preconiza uma formação básica consistente, a qual gradualmente vai atingindo estágios mais elevados, até culminar nas pesquisas filosóficas; a esta etapa só chegariam os seres particularmente talentosos. Platão denomina esta fase de educação preparatória; nela os alunos têm condições de aprimorar harmonicamente o espírito e o corpo.




Outras referências:  

https://www.youtube.com/watch?v=kopUVLQ7-WM

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/platao-307607.shtml

http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/067e4.pdf