Segundo Aristóteles, a educação é
fundamental, uma vez que desenvolve a segurança e a saúde do Estado. Assim, a
educação, para ele, tem por fim a cidade perfeita e o cidadão feliz.
Há uma relação entre política e
educação na Grécia antiga. NaPolítica de Aristóteles, o homem é
definido como um ser cível que é por natureza levado a viver em sociedade. O
homem só terá vida plena se inserido em uma cidade-Estado, pois essa é condição
indispensável para sua existência. A Pólis é um organismo
vivo, cujo fim é assegurar as necessidades materiais para a sobrevivência do
homem e uma vida intelectual melhor. Logo, todo indivíduo possui seu fim último
ligado à Pólis, visto ser no interior desta que serão
determinadas as suas atividades. Existe uma unidade orgânica entre a natureza
política do indivíduo e o Estado.
Dentro dessa fisiologia política de Aristóteles, a
educação entra como aquela capaz de desenvolver as condições necessárias para a
segurança do regime e para a saúde do Estado. É a educação que fornece unidade
orgânica ao Estado; ela deve ocupar toda a vida do cidadão, desde a sua
concepção. Só aquele capaz de legislar deve contribuir para a educação. Logo, a
educação não pode ser negligenciada, sendo deixada a cargo de cada cidadão. Ela
é responsabilidade do legislador, o único que pode estabelecer leis e
princípios gerais. É somente através da educação que o homem irá desenvolver
aquela que é considerada por Aristóteles a mais importante das ciências,
justamente porque tem por objeto o bem-estar comum, ou seja, a Política. Tal
educação será promovida através de um conjunto de atividades pedagógicas
coordenadas, tendo em vista uma cidade perfeita e um cidadão feliz.
São funções do legislador:
·
Guiar os cidadãos à prática das
virtudes;
·
Ocupar-se da educação dos jovens;
·
Estabelecer leis que promovam a
educação conforme a moral e ligada à vida política no Estado, o que estabelece
o equilíbrio político no seu interior;
·
Tornar a educação um assunto público;
·
Promover o fim do indivíduo que deve
coincidir com o fim do Estado.
O Estado, com a ajuda dos pais, buscará a
realização do bem político através da educação familiar, privada e pública,
segundo os seguintes períodos de instrução:
1.
Procriação e período pré-natal, em que
se tem o cuidado com a alimentação das gestantes;
2.
A nutrição (1 ano), pequena infância
(dos 2 aos 5 anos), primeira infância (dos 5 aos 7 anos), em que se deve
habituar a criança ao movimento e às lições;
3.
A educação (dos 7 aos 14 anos), a
adolescência (dos 14 aos 21 anos), tendo como base a literatura e as ciências;
4.
E a maioridade, em que se prestará o
serviço militar até os 35 anos.
Após esse período, o homem, bem formado, estará
apto para legislar, pois já comprovou ter o domínio de si e das necessidades da
cidade. Para Aristóteles, a felicidade se define em uma ação perfeita e no
exercício da virtude. A felicidade do Estado está ligada ao saber e à vontade
dos cidadãos. Ela é a atividade para a qual tende a virtude, é o resultado da
virtude humana e, sendo assim, pertence à categoria dos bens divinos por
excelência. É uma atividade que possui seu fim próprio, enquanto que as outras
tendem para ela.
Já a virtude é a condição necessária para se
alcançar a felicidade. Não é um instrumento, mas um hábito voluntário,
consequência da prática que deve ser estimulada pela educação. Há uma dicotomia
sobre a alma nesse sentido:
·
A parte racional (lógica), que divide a
razão teórica da razão prática e
·
A parte privada (sensação, sentimentos,
paixão) que deve obedecer à lógica.
A educação deve considerar as divisões da alma,
cultivando ações que correspondam à parte superior da alma. Assim surge também
a divisão das virtudes. São elas:
·
Intelectuais: sabedoria, inteligência,
bom-senso, justiça;
·
Morais: generosidade e temperança.
As primeiras estão ligadas ao ensino e por isso
necessitam da experiência e do tempo. As segundas proveem do hábito e não são
inatas. As virtudes, portanto, são qualidades da alma adquiridas somente com a
atividade e o esforço e é justamente aí que entra a educação.
Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
http://www.brasilescola.com/filosofia/aristoteles-educacao.htm - acessado
em 29-07-2015, às 18:40h.
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