segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A EDUCAÇÃO PARA IMMANUEL KANT




O CONTEXTO FILOSÓFICO DO ILUMINISMO E A CENTRALIDADE DA AUTONOMIA NA FILOSOFIA PRÁTICA DE KANT


Na obra Sobre a Pedagogia, Kant (1996b, p. 30) fala sobre a importância de a ação educativa seguir a experiência. A educação não deve ser puramente mecânica e nem se fundar no raciocínio puro, mas deve apoiar-se em princípios e guiar-se pela experiência (cf. idem, p. 29). A partir da pedagogia kantiana, podemos dizer que uma educação que vise formar sujeitos autônomos deve unir lições da experiência e os projetos da razão. Isso porque no caso de basear-se apenas no raciocínio puro, estará alheia à realidade e não contribuirá para a superação das condições de heteronomia e, no caso de guiar-se apenas pela experiência, não haverá autonomia, pois para Kant a autonomia se dá justamente quando o homem segue a lei universal que sua própria razão proporciona. 

      Mas essa imprescindibilidade da experiência como caminho para a educação possui segundo Philonenko (1966, p. 25-26) uma razão metafísica, a liberdade humana. Na condição de livre, o homem não pode ser objeto de ciência, de conhecimento, como pretendiam os iluministas. Apenas os fenômenos possuem uma essência determinada pelas leis da natureza. As coisas podem ser conhecidas porque possuem uma essência que o entendimento pode perceber a priori. No entanto, dizer que um ser é livre é dizer que ele não tem essência que determine a sua existência, ou ainda, não ter essência determinada é o que faz do homem livre. Por isso, não possuir a existência de antemão determinada é um fator sem o qual não se pode falar em autonomia. 

      A tarefa central da educação é orientar um ser que não pode ser conhecido por não ter essência determinada, e que, por isso, pode tomar diferentes direções, o homem é livre e por isso ele pode ser educado. Mas, a liberdade está inclinada para o bem ou para o mal? Kant não fala em uma natureza humana exatamente má, mas o homem não nasce isento de vícios. No entanto, ao mesmo tempo em que nasce com disposição para seguir impulsos, vícios, o homem nasce com a lei moral dentro de si. Em Sobre a Pedagogia afirma: "A única causa do mal consiste em não submeter a natureza a normas. No homem não há germes senão para o bem" (KANT, 1996b, p. 24). Com isso quis dizer que não pode se afirmar no homem uma vontade, uma razão praticamente legisladora que desejasse o mal. Então, considerando seu caráter inteligível, a humanidade é integralmente boa. Cabe ao homem optar por guiar-se pela sua razão ou não. Mas ele será autônomo na condição de guiar-se pela razão, por isso a educação deve objetivar a racionalidade, isso porque o ser racional pode promulgar para si a lei universal e assim, ser autônomo. Já que o homem não nasce determinado para o bem ou para o mal, Kant propõe uma educação como aprendizagem do exercício das regras no plano teórico e prático. 



A educação moral segundo Kant
Por ROBINSON DOS SANTOS

Doutorando em Filosofia na Universidade de Kassel – Alemanha. Bolsista do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD)

Para o filósofo de Königsberg a educação pode ser entendida sob duas perspectivas fundamentais: física, ou seja, aquela em que as questões mais importantes são: a formação de hábitos de higiene, cuidados com a saúde e conservação do corpo; ou prática, isto é, aquela em que a preocupação fundamental é a formação do caráter. Esta última é também designada como educação moral.

Ainda na introdução Kant enfatiza: “Tornar-se melhor, educar-se e, se se é mau, produzir em si a moralidade: eis o dever do homem” (2002, p. 19-20). A educação, além disso, deve ser pensada e estabelecida de um modo cosmopolita de tal forma que o homem seja: a) disciplinado; b) torne-se culto; c) torne-se prudente ou que adquira civilidade; e d) moralize-se. Podemos perceber que a aspiração à universalidade, tão afeta a Kant, se faz presente também em sua concepção de educação, de modo especial quando se refere à perspectiva cosmopolita.

À educação prática, cabe a tarefa de realizar no ser humano a perspectiva de formação descrita acima. De acordo com a leitura que fazemos, nota-se que o aspecto mais importante na filosofia da educação kantiana é a moralidade e que, por conta disso, está pressuposta nesta concepção a ensinabilidade da virtude. A virtude não só pode, como deve ser ensinada.

Concepção de educação prática
O conceito de educação prática é exposto em cerca de vinte páginas, tomando-se por referência o texto traduzido para o português por Fontanella em 1996. Kant concebe a educação prática como sinônimo ou equivalente à educação moral. O elemento central em torno do qual Kant articula a reflexão é a formação do caráter. Se na educação física o processo consiste em cuidados com o corpo, com a saúde, com nossa vida material ou em formar hábitos saudáveis, na educação prática, formar o caráter envolve fundamentalmente o desenvolvimento da virtude, isto é, a capacidade que o indivíduo desenvolve em si de agir conforme o dever que, por meio da razão, ele estabelece para si mesmo. Em A Metafísica dos Costumes Kant define virtude como “(...) a força moral da vontade de um ser humano no cumprir seu dever, um constrangimento moral através de sua própria razão legisladora, na medida em que esta constitui ela mesma uma autoridade executando a lei” (2003, p. 248, grifos do autor).

Vê-se, pois, que o elemento central é a ação. Segue-se daí a definição de educação prática. Prático, afirma Kant em outra passagem, é tudo que diz respeito à liberdade.

Na educação moral a virtude é concretizada em dois tipos de deveres que as crianças desenvolverão: deveres para consigo mesmas e deveres para com os demais. Neste ponto já está suposto, como afirmamos anteriormente, que a virtude, de acordo com Kant pode e deve ser ensinada, assim como cultivada.
Para ler todo o artigo:
http://www.espacoacademico.com.br/046/46csantos.htm  -  acessado em 14-08-2015, às 14:52 h. 

KANT E A EDUCAÇÃO 
Rejane Margarete Schaefer Kalsingi 

RESUMO:

Sobre a pedagogia, mais conhecida obra do filósofo Immanuel Kant sobre o tema educação, muitas vezes considerada do suposto período de senilidade do filósofo, por ter sido publicada um ano antes de sua morte, em 1803. Porém, percebem-se nela certas idéias que ocorrem também em sua filosofia da história, como, por exemplo, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita e Início conjectural da história humana. Essas idéias são, entre outras, a evolução do ser humano da animalidade à humanidade; o fato de o ser humano não poder utilizar somente o instinto, necessitando extrair de si mesmo determinadas qualidades, através do exercício de sua razão; a ideia de uma determinação da humanidade ou de um fim mais alto da humanidade, que é a determinação moral. O objetivo do presente artigo é tratar das possíveis relações entre essas três obras. Palavras-chave: educação; filosofia da história; animalidade; humanidade; instinto; razão.

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2 comentários:

  1. : kant, quando fala na liberdade do ser humano, está tentando buscar uma explicação para caracterizar a ação do bem e do mal, pois esta autonomia de fazer o bem ou o mal poderia ser explicada, se fosse entendida; logicamente, o que se espera é o bem, já que o mal, não nuns interessa, desta forma o viável é uma educação que obriguem os seres humanos fazer apenas o bem “ moral ” que é valorizado; e se deixarmos os seres humanos livres, movido por outras razões, vão praticarem o mal, ou, o bem. O sentido da educação é educar o ser humano para o bem e não para o mal.

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  2. É meio complicado essa questão, será que se estivermos livres praticaremos apenas o mal,no meu ponto de vista ser livre é o melhor bem que uma pessoa pode alcançar na sociedade que vivemos atualmente. Fica a dica :-)))))))

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